A vez da inteligência artificial em Barcelona
A edição 2017 do Mobile World Congress (MWC) teve como destaque a presença da inteligência artificial em diversos painéis, stands e coletivas de imprensa. Não há dúvidas que o tema em questão é a bola de vez no segmento de tecnologia. Vamos conferir a matéria publicada pelo Portal Teletime que fala sobre essa novidade?
Cada edição do Mobile World Congress (MWC) é marcada por um ou mais novos temas. Se no ano passado o maior evento sobre tecnologia móvel do mundo teve como principais destaques a realidade virtual e o 5G (que continuam fortes este ano), desta vez a novidade é a presença da inteligência artificial em diversos painéis, stands e coletivas de imprensa. Como consequência, alguns assuntos que orbitam em volta de inteligência artificial também ganharam os holofotes: pela primeira vez, por exemplo, houve painéis específicos sobre chatbots, assistentes pessoais e robótica no congresso do MWC2017, que aconteceu esta semana em Barcelona.
Para as operadoras, é uma oportunidade de mudar o destino para o qual vinham caminhando lentamente há cerca e uma década, qual seja, o de se transformarem em meros canos para o transporte de dados. Em vez disso, vão usar inteligência artificial para analisar o comportamento de uso dos seus clientes e melhorarem seus planos, assim como para otimizar suas redes. Algumas estão dando um passo além e criando produtos centrados em inteligência artificial. Foi o caso da Telefônica, que anunciou a criação da Aura, uma assistente pessoal nos moldes da Siri, do Google Assistant e afins. “Agora não se pode mais dizer que somos uma rede burra”, declarou o CEO do grupo espanhol, José Maria Pallete, durante o anúncio, no domingo passado, 26.
A Telefónica não está sozinha. A operadora sul-coreana SK Telecom lançou em setembro do ano passado a Nugu, sua plataforma de inteligência artificial que se materializa na forma de um cilindro branco dotado de altoafalantes, microfones e luzes LED, parecido com o Amazon Echo ou o Google Home. A Nugu é a principal atração no stand da SK Telecom. Com uma voz feminina, que atende pelo nome de Rebecca, a assistente recebe comandos de voz, que podem ser pesquisas na Internet ou ações para controle remoto de objetos conectados na casa, como luzes, aparelhos de ar condicionado ou até mesmo um urso de pelúcia dotado de câmera e microfone, para pais conversarem com seus filhos à distância. Todos os produtos conectados à rede Nugu podem também ser controlados através de um aplicativo móvel no smartphone. A SK Telecom já tem alguns milhares de assinantes da Nugu na Coreia do Sul.
A Vodafone, por sua vez, está se preparando para o que chama de “sociedade gigabit”, em referência às velocidades acima de 1 Gbps que as redes móveis vão conseguir prestar com o LTE-Advanced e o 5G. No futuro imaginado pela operadora inglesa, haverá serviços como cirurgias médicas feitas por robôs; veículos autônomos; produção de mapas genéticos a preços baixos; entretenimento com realidade virtual; dentre outros. “O 4G foi desenvolvido pensando no usuário final e no smartphone. O 5G precisa levar em conta mais aplicações. Será a sociedade do Gigabit”, disse Lester Thomas, arquiteto-chefe de sistemas de tecnologia da informação da Vodafone.
Presente em um painel sobre robótica, o executivo da Vodafone apresentou um dos primeiros serviços da Vodafone neste novo contexto: uma plataforma de drones como serviço. Inicialmente o foco está em três aplicações: agricultura de precisão; inspeções aéreas (a própria Vodafone já usa drones para inspecionar suas torres); e busca e resgate de pessoas em áreas de difícil acesso. Patrick McCarthy, CMO da Huawei, parceira da Vodafone nesse projeto, destacou a necessidade de se construir um ecossistema em torno dos drones, que incluiria as operadoras dos drones; os desenvolvedores das aplicações para os drones; os fabricantes de drones; serviços de análise de imagens coletadas pelos drones (o que significa, quase sempre, o uso de inteligência artificial e machine learning); e até seguradoras para os drones. “A plataforma é apenas uma enabler. O valor estará na análise dos dados. E quanto mais sensores presentes no drone, mais dados são coletados”, disse McCarthy. Participaram do mesmo painel o diretor para a Europa da DJI, maior fabricante de drones do mundo, e o CEO da Small Robot, empresa que fornece robôs como serviço para agricultura de precisão na Inglaterra.
Chatbots
Enquanto isso, ganha força o conceito de mensageria como plataforma (MaaP, na sigla em inglês), que consiste em usar os mensageiros instantâneos como canal de distribuição de aplicações diversas, competindo em certa medida com os apps. O movimento, iniciado pelos mensageiros asiáticos, como Line e WeChat, chegou ao Ocidente pelo Facebook Messenger em meados do ano passado, e, naturalmente, ganhou espaço na edição deste ano do MWC. Os chatbots podem ter inteligência artificial ou não, depende da aplicação. A IBM marcou presença na feira este ano com um stand enorme todo dedicado ao Watson, sua plataforma de inteligência artificial e machine learning que é utilizada atualmente por diversos chatbots, inclusive no Brasil, como o assistente pessoal do Banco do Brasil e o app de planejamento de casamento Meeka.
Chatbots serão cada vez mais usados para pagamentos. Nos EUA, o Facebook Messenger já tem um botão de pagamento integrado ao Masterpass, da Mastercard. Além disso, a bandeira de cartões criou uma API para que qualquer varejista integre o Masterpass dentro de bots no Messenger. A solução está em destaque em seu stand no MWC e o primeiro lançamento foi anunciado nesta quarta-feira, 1: a rede de varejo turca Getir.
Análise
Na prática, a inteligência artificial está tomando o espaço que o conceito de big data teve um dia no MWC. São assuntos diretamente relacionados. Na perspectiva das teles, chegou a hora de aplicar machine learning e inteligência artificial para analisar a enorme quantidade de dados gerados por seus usuários e transformar isso em uma operação mais inteligente, em redes mais eficientes e em novos produtos, como assistentes pessoais.
Bots Experience Day
A aplicação de inteligência artificial em chatbots e o potencial do mercado brasileiro para essa nova intercace serão discutidos no seminário Bots Experience Day, dia 20 de março, no WTC, em São Paulo. O evento, que é organizado por Mobile Time, já tem confirmadas palestras de representantes do Twitter, Oracle, GOL, Coca-cola, Take, Kayak, Esporte Interativo, Outra Coisa, InSite, IME-USP e do Governo do Estado de São Paulo, dentre outros. Para mais informações sobre a programação e sobre inscrições no Bots Experience Day, acesse o site www.botsexperience.com.br ou ligue para 11-3138-4619.