O mundo no ano 2030: Três megatendências que nos aguardam
Como será o mundo em 2030? Como estaremos até lá?
As escolhas que fazemos e as direções que seguimos terão enormes impactos em nossas vidas, carreiras, negócios e no mundo.
Temos algumas fortes indicações de como será daqui 11 anos. Mapeamos oito tendências importantes que possivelmente irão evoluir até 2030 – listadas por ordem de muito provável de acontecer a difícil de prever.
1. Mudanças demográficas
A população mundial deve chegar a 8,5 bilhões em 2030, acima dos 7,7 bilhões hoje. Pessoas acima de 65 anos serão 1 bilhão até 2030. As novas projeções indicam que nove países vão responder por mais da metade do crescimento populacional: Índia, Nigéria, Paquistão, República Democrática do Congo, Etiópia, Tanzânia, Indonésia, Egito e Estados Unidos. Por volta de 2027, estima-se que a Índia vá superar a China como o país mais populoso do mundo. A maioria das pessoas fará parte da classe média, já que a extrema pobreza continuará a cair. Serão necessárias a construção sustentável e eficiente de mais moradias, atenção no planejamento urbano e o desenvolvimento de novas tecnologias e processos para a produção de mais alimentos.
2. Urbanização
Em 2030, dois terços da população mundial viverão nas cidades. A população urbana nos países em desenvolvimento dobrará e as cidades produzirão 80% do PIB global. Grandes cidades da Ásia, América Latina e África estão projetadas para se tornarem megacidades até 2030. Isso impactará em um aumento do custo de vida nessas megacidades e também em metrópoles de pequeno e médio porte. Embora cidades megamilionárias sejam a ponta da urbanização, elas não são as que mais crescem. Os centros urbanos que mais crescerão são as pequenas e médias cidades, com menos de um milhão de habitantes, que representam 59% da população urbana mundial e 62% da população urbana da África. Novamente aqui será necessária uma maior atenção no planejamento urbano visando melhorar moradias e serviços e diminuindo o crescente gap entre habitantes ricos e pobres das cidades, além de tornar a vida urbana mais verde e sustentável.
3. Mundo mais transparente
Nosso mundo se tornará ainda mais aberto – e menos privado. A quantidade de informações coletadas sobre cada um de nós, produtos e empresas crescerá exponencialmente. A pressão para compartilhar essas informações – com clientes e consumidores em particular – se intensificará. Ferramentas sofisticadas para análises de informações facilitarão a tomada de decisões, tanto de consumidores quanto em ambientes de negócios; será mais fácil, por exemplo, escolher produtos que tenham uma menor pegada de carbono, ou que tenham menos ingredientes tóxicos. Todas essas ferramentas quebrarão a privacidade nos processos industriais e empresariais.
4. Crise climática
Ainda não está muito claro como a mudança climática irá se intensificar, mas uma coisa é certa: os resultados serão implacáveis e perigosos. Muitas áreas costeiras densamente povoadas enfrentarão dificuldades à medida que o nível do mar aumenta. Diversas espécies animais estarão em riscos. Secas e inundações irão afetar celeiros globais. O Ártico não terá gelo no verão. Migrações em massa provavelmente já terão começado. Até 2030, teremos muito mais clareza sobre quão difíceis serão as próximas décadas. Iremos saber se o derretimento das principais camadas de gelo estará literalmente inundando a maioria das cidades costeiras e se estamos realmente nos aproximando de uma “Terra Inabitável”. O Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês) deixou claro como é crítico alterar radicalmente o padrão das emissões de carbono para manter o mundo a 1,5 grau Celsius de aquecimento. Essa meta é possível de ser alcançada dado o nível de comprometimento de alguns governos globais: o acordo climático de Paris de 2015, em teoria, concorda em manter o aquecimento em 2 graus Celsius. Mas, na prática, o que boa parte dos países têm se comprometido até agora pode nos levar para 3 a 5 graus de aquecimento até 2100. Até 2030, é muito provável que já tenhamos atingido a marca de 1,5.
5. Pressões por Recursos
Seremos forçados a enfrentar de forma mais agressiva a escassez de recursos. Para equalizar a oferta de commodities essenciais (como metais) ao crescimento econômico, precisaremos adotar rapidamente modelos circulares: minimizar a utilização de materiais virgens em prol de reciclados e produtos remanufaturados e, repensar a economia de materiais como um todo. A água será um recurso crítico, e é provável que muitas cidades enfrentem constantemente a falta dela. Vamos precisar de mais investimentos em tecnologias como dessalinização para amenizar esse cenário.
6. Tecnologia Limpa
Devido às quedas contínuas no custo de tecnologias limpas, as energias renováveis continuarão crescendo. Até 2030, efetivamente não haverá novas adições de capacidade de geração energética vindas de tecnologias baseadas em combustíveis fósseis. Quase todas as vendas de carros novos serão de veículos elétricos (VEs) que crescerão de 3 milhões hoje para 125 milhões em 2030. Essa adoção será impulsionada por reduções substanciais no custo das baterias e uma legislação rígida que proíbe motores movidos a combustíveis fósseis. Também veremos uma explosão de tecnologias baseadas em dados que tornam os edifícios, redes, estradas e sistemas de água substancialmente mais eficientes.
7. Tecnologias: parceria ou ameaça?
A internet das Coisas predominará, e todos os dispositivos estarão conectados. Tecnologias como inteligência artificial (IA) terão tornado nossas vidas mais práticas e melhorado nossa produtividade. A IA atuará como uma facilitadora da inovação em produtos, processos e modelos de negócios naquilo que chamamos de inovação baseada em automação inteligente. Ao mesmo tempo que a IA criará novos empregos, também eliminará outros. A tecnologia nos manipulará ainda mais do que hoje – a interferência russa nas eleições dos EUA pode ser um sinal.
8. Políticas globais
É difícil saber se governos e instituições globais trabalharão em sincronia para combater agressivamente a mudança climática e às pressões por recursos, além de enfrentar a imensa desigualdade social e a pobreza. É difícil imaginar como políticas globais sobre o clima e outras megatendências vão se desenrolar. O Acordo de Paris foi um começo importantíssimo, mas alguns países, notavelmente os EUA, se retiraram da cooperação global. Guerras comerciais e tarifárias predominam em 2019. Parece provável que, ainda mais do que hoje, os negócios terão um papel crucial em impedir uma catástrofe climática.
Como empresas e negócios devem se preparar?
A mudança climática é a maior ameaça que a humanidade já enfrentou. Mas nem tudo está perdido. As empresas têm incentivos econômicos e responsabilidade moral para agir e reduzir possíveis danos o mais rápido possível.
Andrew Winston, fundador da Winston Eco-Strategies, e que auxilia multinacionais a lidar com os maiores desafios da humanidade e lucrar com a solução deles, e ainda, co-autor do best-seller Green to Gold e autor de The Big Pivot: Radically Practical Strategies for a Hotter, Scarcer, and More Open World recomenda o seguinte:
1- É necessário envolver colaboradores e colegas (principalmente aqueles que negam a mudança climática), conversar com consumidores e clientes sobre os riscos e problemas refletindo isso nos seus produtos e tomar decisões de investimento que favoreçam ações pró-clima.
2- Considerar fortemente o aspecto humano nos negócios. À medida que novas tecnologias varrem negócios e profissões, isso afeta a sociedade. Essas mudanças e pressões são uma das razões pela quais as pessoas começam a se voltar para líderes populistas que prometem soluções. Líderes empresariais devem pensar no que essas grandes mudanças significam para as pessoas que fazem parte de suas empresas, cadeias de valor e comunidades.
3- Ser transparente. Na realidade, não há muita escolha. As gerações futuras esperam cada vez mais abertura das empresas para as quais compram e trabalham. Até 2030, a geração Millennium estará próxima dos 50 anos, e juntamente com a Geração Z formarão a grande maioria da força de trabalho. Melhor ouvir e compreender suas prioridades e valores a partir de agora.
Agir ou esperar para ver
Nossas escolhas, como indivíduos e como parte das empresas – seja como colaboradores, clientes, usuários e até mesmo investidores – impactará o futuro. Os negócios, em particular, terão um grande papel em como o mundo estará daqui pra frente. Podemos apenas esperar para ver onde essas megatendências nos levarão. Mas, certamente é melhor que todos nós trabalhemos proativamente para garantir um futuro melhor.
Publicado originalmente no portal O Futuro das Coisas (https://ofuturodascoisas.com)